Matheus Feijó Ribeiro: Secretário da Fundação Educacional João XXIII
Palavras-chave: Filantropia; Cuidado; Educação.
A educação é uma das maiores heranças que podemos oferecer para as crianças e jovens. Mais do que conhecimento, ela abre portas, alimenta sonhos e desperta possibilidades que, muitas vezes, pareciam distantes. No Colégio João XXIII, essa crença se materializa em um gesto concreto: as bolsas filantrópicas, que hoje garantem a mais de 160 estudantes uma trajetória escolar marcada pelo cuidado, pela igualdade e pela esperança, valores enraizados nos princípios da Escola desde sua fundação.
O que torna esse projeto especial não é apenas a quantidade de crianças e jovens atendidos, e sim a profundidade com que cada vida é tocada. Aqui, não se trata apenas de isenção da mensalidade. O compromisso vai além: os alunos contemplados recebem uniformes de verão e inverno, livros didáticos, participam de saídas pedagógicas, têm acesso à merenda nos dias regulares, alimentação nos dias de reforço e a possibilidade de participar dos clubes e equipes esportivas. É uma oportunidade completa, que garante não só o estudo, mas também a vivência plena daquilo que a Escola tem a oferecer.
E há um detalhe que faz toda a diferença: no João XXIII, não existe distinção entre quem é bolsista e quem não é. Todos os estudantes caminham lado a lado, aprendem juntos, compartilham experiências e constroem memórias sem qualquer marca de desigualdade. Essa integração, que aqui acontece de forma tão natural, ainda é um grande desafio em boa parte das instituições de ensino, onde as diferenças socioeconômicas podem se transformar em barreiras invisíveis e silenciosas dentro da sala de aula. O João XXIII mostra que é possível romper essas barreiras quando a educação é norteada pela empatia e pelo compromisso social.
A filantropia aqui também se traduz em acolhimento. As bolsas chegam a famílias de todas as formas – lares de mães ou pais que criam sozinhos seus filhos, casais homoafetivos, famílias de diferentes origens, cores e culturas, cada uma trazendo consigo uma história única, repleta de desafios e também de sonhos. E é nesse encontro entre diversidade e cuidado que o Colégio João XXIII se fortalece enquanto espaço de pertencimento.
O Colégio João XXIII possui o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, concedido desde 1997, atualmente válido até o ano de 2027, sendo avaliado anualmente e renovado junto ao MEC. Este documento reconhece a seriedade e a legitimidade desse trabalho de inclusão social, sendo uma garantia de que toda a dedicação e os recursos aplicados estão de acordo com as normas que regem a filantropia educacional no país, reforçando ainda mais a transparência e a responsabilidade com a nossa comunidade.
O alcance das bolsas não se limita às salas de aula. A Comissão Permanente de Filantropia em conjunto com a assistente social está atenta a cada família, oferecendo orientação, amparo e, quando necessário, encaminhamento para programas e projetos sociais. Assim, a parceria entre Escola e comunidade se estende, formando uma rede de apoio que vai muito além do aprendizado acadêmico. Esse trabalho é acompanhado de perto pela equipe, composta por membros de diferentes áreas da Fundação, Setor Administrativo e Equipe Técnica. Nesse espaço acontecem trocas e relatos sobre cada caso específico, permitindo decisões mais justas, humanas e alinhadas com a realidade de cada estudante.
O resultado disso tudo é transformador. Cada bolsa representa mais do que um benefício material: é uma oportunidade de futuro, um gesto de confiança, um símbolo de que toda criança tem direito a sonhar, sem limites. Ao garantir condições iguais, o João XXIII não apenas educa, ele planta sementes de esperança que florescerão em cidadãos conscientes, solidários e preparados para o mundo.
Entre os muitos rostos e histórias que compõem a filantropia do Colégio João XXIII, algumas trajetórias se destacam por representar o poder transformador da educação. São histórias que começam com um sonho simples e que se tornam exemplos de superação, gratidão e pertencimento.
Uma dessas histórias é a de uma ex-aluna bolsista que, após concluir seus estudos, voltou à Escola como profissional da educação, levando consigo o mesmo carinho e dedicação que recebeu enquanto estudante.
Ela ingressou no João ainda pequena, aos 6 anos, no 1º ano do Ensino Fundamental. Desde o início, o sentimento de igualdade esteve presente: Nos dias de lanche coletivo, eu ficava responsável por fazer o bolo, e eu fazia ele à mão porque não tinha batedeira. Um dia, meus colegas fizeram uma vaquinha e eu ganhei uma batedeira, recorda com carinho.
O envolvimento da família também foi uma constante em sua trajetória escolar:
Meus pais sempre foram presentes na Escola, os profissionais da portaria já os conheciam quando chegavam. Certa vez tínhamos um projeto de maquete para apresentar. Os pais dos meus colegas foram na minha casa e construímos todos juntos.
Os laços e amizades criados durante os anos de escola ultrapassaram os muros da instituição:
Participei da equipe de Handebol. Fiz grandes amizades dentro do João, alguns mantenho contato até hoje. Elas também me proporcionaram experiências fora da escola, me convidaram para ir à restaurantes, viajar e conhecer lugares que nem imaginaria. (…) Hoje estou cursando Pedagogia e o primeiro currículo que entreguei foi aqui. Na entrevista me perguntaram se eu lembrava dos meus professores — lembro de todos. A professora Cristiane Prado do 4º ano foi minha professora.
Com a maturidade de quem viveu a experiência como estudante e agora vivencia o outro lado, como profissional da educação, ela compartilha sua percepção:
O acolhimento que sentimos aqui é diferente de todos os outros lugares. Vejo que as bolsas no Colégio João XXIII são muito importantes dentro do contexto social, que dão oportunidades não só na qualidade do ensino, mas também esperança para as famílias, transformando suas realidades. Aqui é diferente de tudo. Eu não lembro da minha infância fora do João XXIII.
Em cada uniforme entregue, em cada livro aberto, em cada lanche partilhado, existe a certeza de que a educação é uma poderosa ferramenta de transformação social. É um investimento no presente, mas sobretudo no amanhã. No Colégio João XXIII, acreditar na educação é acreditar que todos, sem exceção, merecem oportunidades reais para crescer. É essa convicção que torna as bolsas filantrópicas não apenas um projeto escolar, mas uma missão de vida.

