Paula Poli Soares, Maria Aparecida Maia Hilzendeger – Direção Pedagógica
Bell Hooks afirma que “o amor sempre nos desafiará e nos transformará”, amor, aqui, compreendido como “cuidado, comprometimento, conhecimento, responsabilidade e confiança”. E acreditamos que a capilaridade do amor como fundacional de todas as bases, essa transformação, acima de tudo, passa pelo compromisso com uma educação ética. Essa transformação modifica vidas, histórias, memórias e trajetórias. É nessa educação que acreditamos e na qual fundamos as nossas ra- ízes. Sobretudo, acreditamos.
“Eu acreditei”. Tal persistência não é mera coincidência ou acaso. Uma das fundadoras do Colégio João XXIII, a grande educadora Zilah Totta, tinha esse princípio como lema de sua jornada. Sua história, marcada pelo período da ditadura militar, a desafiou a sonhar com uma nova experiência em educação. Porque não uma escola democrática, humanitária, sociointeracionista e que alicerça as suas relações de forma dialógica e com base no afeto? Pois era, naquela época, o que a sociedade precisava como respiro angular. Apenas naquela época? Não, até hoje. É nisso que acreditamos.
Em qual lugar podemos obter todas essas interfaces que constroem e reconstroem as condições humanas, que trabalham com o acolhimento e com a contínua formação dos seres humanos para que realizem as melhores práticas éticas em sociedade? Qual é esse lugar em que acreditamos? Inicialmente, pensamos que ele existe, atua de forma concreta e, na nossa opinião, pode ser traduzido na nossa Escola.
Muito nos encanta apresentar esta revista, Lugarejo, que compõe este novo Núcleo de Formação continuada, que busca transformar a formação de profissionais que nos acompanham nesta jornada de construção educativa. É uma publicação inserida nas comemorações de 60 anos desta instituição, cuja tradição, desde o início, foi romper com o tradicional e que conta com os esforços de diferentes esferas e projetos com a finalidade de apurar, academicamente, o que o João produz de melhor: a transformação da vida de quem por ele passa, seja estudante, familiar ou profissional.
Muito nos satisfaz ser parte dessa gestão, que conta com inúmeros desafios – da burocracia à mediação de conflitos, do planejamento estratégico ao acolhimento de situações – numa busca de conciliar a prática docente com as exigências dessa função. Uma gestão que apoia a constituição do percurso rumo ao lugarejo que esta revista busca tornar concreto: comunitário e socialmente contributivo. Lugarejo conta com produções de nossa comunidade que, uma vez mais, reafirma os princípios em que acreditamos: de que a educação pode ser construída coletivamente, de uma maneira reflexiva e à frente de seu tempo.
Relembramos os ideais de Zilah enquanto gestora e educadora. O seu percurso é modelo para o que buscamos como referência em formação continuada e enquanto construção escolar. Nosso lugarejo é feito por essa corrente que defende a educação humanizada, acreditando que transformar é possível. Que inclui, que engaja, que busca, sobretudo, ser um espaço comunitário democrático. Que, como disseram Freire e Faundez, “implica assombro, pergunta e riscos”. O que seria da vida senão questionar, arriscar e acreditar?
Que você, que lê este texto, incursione por este lugarejo e por todas as suas possibilidades, dada a pluralidade de ideias e diferentes formas de conhecer, reconhecer e, mais do que tudo, acreditar, deixando-se levar pela essência deste lugar único. Afinal, acreditar que educar é um fazer pedagógico, um compromisso ético e humano, de justiça social, de reduzir as desigualdades tão caras à nossa sociedade, é um ato de amor.